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Garimpando meu antigo PC em busca de arquivos úteis para transferir para o meu novo, me deparei com umas críticas que escrevi pro site do Netflix, da época em que assinava o serviço, pelo menos uns 3 anos atrás.

Seis ao todo, cinco deles eram sobre filmes que encaixam perfeitamente na filosofia deste blog, sendo assim, pensei em compartilhar-los aqui, como dicas para quem não os conhece. O sexto, irei postar apenas como bônus e curiosidade, além do mais, me sentiria mal deixando minha crítica sobre aquela pérola de fora deste post.

Fiz apenas algumas alterações quanto ao texto original, para adaptar para os dias de hoje, fora uma ou outra nova impressão que tive ao reler os textos. E para não ficar longo, postarei em duas partes.

Holocausto Canibal (Cannibal Holocaust – 1980)

32 anos depois de seu lançamento, Holocausto Canibal ainda choca. Mas nós podemos ter apenas uma pequena ideia do que o povo sentiu naquela época, isso porque hoje sabemos dos fatos por trás do filme.

Na época, o filme dentro do filme, o documentário Green Inferno, havia sido vendido ao público como verdadeiro. Ou seja, todas as atrocidades vistas no filme, seriam reais. Foi até parar na Justiça, com os realizadores acusados de terem assassinado os atores a fim de realizarem a obra.

Viagens à parte, Holocausto Canibal realmente vai longe pra causar desconforto ao telespectador. Falo a respeito da crueldade em relação à animais durante a projeção. O próprio DVD do filme tem a opção para assistir o filme sem essas partes, afirmando o quão desnecessária foram – um dos protagonistas passa a faca num pobre animalzinho que não faço ideia do que seja, mas ele grita e treme de agonia que nem um ser humano; e o que dizer da pobre da tartaruga?

Mas pondo isso de lado, Holocausto Canibal traz uma série de temas interessantes ao espectador, como os fins justificam os meios ou a diferença entre civilizado e primitivo e o que define cada um.

O conceito do filme foi a base para filmes como Bruxa de Blair e, mais recentemente, Cloverfield. Mas mesmo com os efeitos especiais sendo bem feitos, pode-se perceber que o “documentário” segue o padrão de um roteiro, levando o espectador à um climax com seus devidos conflitos em seu caminho. A última cena de Green Inferno pode ser colocada lado a lado com o derradeiro momento de Bruxa de Blair. Muito dramático, “bom” demais pra ser verdade.

Holocausto Canibal nos mostra que dirigimos carros e usamos talheres para comer, mas que isso não significa necessariamente que somos mais civilizados do que qualquer outra cultura que ainda mantem seus hábitos de milhares e milhares de anos.

Como o personagem Dr. Monroe (interpretado pelo ex-ator pornô Robert Kurman) diz ao final do filme: “Me pergunto quem são os verdadeiros canibais…”

Hardware (1990)

Hardware mostra como fazer um bom filme sem um orçamento anabolizado. Criando uma atmosfera que funciona, predominantemente, em volta do laranja e preto com alguns, deliberados, momentos de claridão, a fotografia de Hardware encaixa a tensão na tela em uma trama que mistura Alien – O Oitavo Passageiro com O Exterminador do Futuro.

O filme começa devagar, mostrando o ambiente e os personagens sem pressa, lhe permitindo manter todo o fôlego que tem para o terceiro ato, usando algumas subtramas no caminho, para lhe manter ocupado. O ato final vem carregado de surpresas e realmente não dá pra dizer o que vai acontecer, o que é sempre ótimo em um filme.

Hardware tem uma bela seleção de personagens, em especial a “Dura de Matar” Jill, confirmando a ficção científica com um gênero de portas abertas para heroínas. Com a particiapação de alguns astros do Rock como Iggy Pop e Lemmy no filme, Hardware traz uma ótima trilha sonora que bate perfeitamente com com o subgênero Cyberpunk. A canção Order of Death do Public Image Limited do ex-líder dos Sex Pistols, Johnny Rotten, ficou grudada na minha cabeça por dias.

Não é um filme conhecido entre o grande público, que agora se encontra disponível em DVD. Se você curte os dois filmes citados no início, Hardware merece um pouco do seu tempo.

Crepúsculo de Aço (Steel Dawn – 1987)

A primeira vez que assisti Crepúsculo de Aço foi lááá atrás nos dias de glória da minha infância no início dos anos 90, na época em que Sessão da Tarde ainda passava altas confusões do barulho de qualidade. Desde então, só fui voltar a assistí-lo recentemente e foi com surpresa que, lendo sobre o filme no site da Netflix, descobri que o filme tem sua inspiração no clássico de bang-bang Os Brutos Também Amam. E pra minha sorte, eu havia assistido a esse western há pouco tempo, assim sendo, rever Crepúsculo de Aço teria uma graça a mais para mim.

Me perdoem, pois não vou falar de Crepúsculo de Aço em si, mas da ideia que ele traz consigo. Tentarei ser curto. Sendo um filme de mais de 20 anos, com atores que nem se encontram mais entre nós, Crepúsculo de Aço faz muito bem um dos principais propósitos de um filme: entreter. O outro propósito é adicionar algo de importante a aquele que é entretido. Isso, claro, variando de pessoa para pessoa.

No meu caso, o filme me fez repensar a forma como remakes são feitos. Sim, o filme é bem similar a Os Brutos Também Amam, mas, ao mesmo tempo, é bem diferente. Os realizadores transformaram um genuíno western em um western pós-apocalíptico. Uma simples, mas eficiente ideia.

Assim, especialmente agora que remakes são a moda do momento, a indústria cinematográfica deveria adotar essa abordagem quanto a eles. Casablanca, por exemplo, é um filme que encaixaria perfeitamente num ambientação futurista. O livro Orgulho e Preconceito, de Jane Austen é um real exemplo, mas com zumbis.

Mas da forma com que essas obras vêm sendo conduzidas, é muito provável que o futuro delas não seja mais próspero que o mostrado no filme estrelado pelo saudoso Patrick Swayze.

Um pouco do que ouvi enquanto preparava o post:

Amy Mcdonnald – Dancing in the Dark
Arcade Fire – The Suburbs
Apartment – Fall into Place
Big Star – Nightime
Blue Planet – Boy
Brainbox – Down Man